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14 de agosto de 2015

Combate à doença na cana-de-açúcar

A escaldadura das folhas, causada credito_-_SugarCaneTech_250pela bactéria Xanthomonas albilineans, é uma doença disseminada em praticamente todas as regiões onde a cana-de-açúcar é cultivada. A bactéria instala-se nos vasos da planta, onde determina a má formação dos colmos – tipo de caule -, a queda de qualidade do caldo extraído e a redução do teor de açúcar. A presença da doença em variedades suscetíveis pode resultar em perdas de até 100% das lavouras. Daí que a busca por moléculas capazes de prevenir e combater doenças que acometem plantações de cana-de-açúcar tem sido o principal foco de um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Cerca de 43% de toda a matriz energética brasileira é renovável, sendo que a cana-de-açúcar, por exemplo, corresponde a aproximadamente 16% da energia limpa do país. O Prof. Dr. Rafael Guido (IFSC/USP), pesquisador que coordena o estudo em questão, afirma que diante a relevância econômica e social do setor sucroalcooleiro no cenário nacional, fatores capazes de comprometer o rendimento produtivo devem ser rigorosamente controlados, com o objetivo de garantir o crescimento da produção e atender a expectativa de expansão projetada para as próximas décadas.

Para auxiliar no processo de aumento de produtividade dessa planta, um dos objetivos de diversos especialistas tem sido o controle de pragas através do desenvolvimento de novos defensivos agrícolas. É neste sentido, também, que os pesquisadores do IFSC/USP têm estudado algumas proteínas essenciais da bactéria Xanthomonas albilineans, com o objetivo de inibi-las, tornando a bactéria incapaz de produzir a doença e eliminando a praga de culturas de cana-de-açúcar. Para tanto, os RAFAEL_GUIDO_350pesquisadores investigam compostos de origem natural para descobrir moléculas que sejam capazes de modular a atividade das proteínas importantes da Xanthomonas albilineans. Ao longo da evolução, as plantas têm tido contato com bactérias e, para sobreviverem, têm sintetizado moléculas capazes de matar esses micro-organismos. A nossa ideia é explorar a biodiversidade de compostos que as plantas produzem, para poder matar diversas bactérias, explica Guido.

Para descobrir essas moléculas, os pesquisadores desenvolveram diversos métodos, desde a padronização do cultivo da bactéria, extração de DNA, clonagem de genes que codificam as proteínas importantes, até um ensaio de inibição para esse micro-organismo. A principal estratégia dos especialistas do IFSC/USP é impedir que a Xanthomonas albilineans produza fitotoxinas* – conhecidas como albicidinas, que, quando liberadas pela bactéria, matam todos os outros micro-organismos presentes ao seu redor – exceto o referido micróbio. Além disso, as albicidinas são tóxicas para a cana-de-açúcar e responsáveis pelos sintomas da doença. Se impedirmos a produção dessas fitotoxinas, a Xanthomonas albilineans torna-se inócua, não causando os sintomas na planta, pontua ele. Após selecionarem as moléculas com potenciais características para esse combate, os pesquisadores deverão iniciar os testes clínicos, onde essas moléculas serão administradas em modelos de canas-de-açúcar doentes.

Esse trabalho corresponde ao tema central do projeto Jovem Pesquisador FAPESP, da autoria do docente, sendo também o tema da tese de doutorado de Renata Vieira Bueno, Gustavo Machado A. de Lima e Andrew Albert de Oliveira, pesquisadores do IFSC/USP que elaboram o estudo junto com o pós-doutorando Fernando V. Maluf (IFSC/USP), sob a orientação de Rafael Guido.

*Substâncias tóxicas aos vegetais.

(Imagem 1: SugarCaneTech)

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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