
Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.
Caixas-pretas
BRASÍLIA - As empresas estatais estão "fora do alcance" dos mecanismos de controle. As auditorias, quando realizadas, são "burocráticas" e de "baixa efetividade". O resultado é "absolutamente insuficiente" para coibir o desvio de dinheiro público, como comprova o escândalo da Petrobras.
O diagnóstico não é de um líder da oposição. Saiu da boca do ministro Jorge Hage, nomeado por Lula e reconduzido por Dilma Rousseff ao comando da CGU (Controladoria-Geral da União). No cargo desde 2006, ele se despede com um desabafo: apesar dos avanços na fiscalização das contas públicas, não conseguiu abrir as caixas-pretas das estatais.
A Petrobras é só a maior em um conjunto de mais de cem empresas controladas pelo governo. A lista inclui outras gigantes como Eletrobras e Correios, a simpática distribuidora de cartas onde surgiu o mensalão.
Para Hage, o caso da petroleira tem um agravante: o decreto da gestão FHC que livra seus dirigentes de seguir a Lei de Licitações. O ministro concorda que a Petrobras precisa de regras mais flexíveis para contratar com agilidade, mas considera o texto em vigor "extremamente frouxo e permissivo". Sua análise ajuda a entender como a empresa foi parar nas páginas policiais.
Embora a atenção da imprensa se concentre nos ministérios, as negociações para o segundo mandato também passam pelas estatais. Dilma já indicou que continuará a loteá-las entre aliados em troca de apoio no Congresso. Se estiver interessada em dificultar novos "malfeitos", deveria dar ouvidos ao chefe da CGU.
*
Mudando de personagem mas não de assunto, o Planalto ofereceu ao deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) uma vice-presidência do Banco do Brasil. Ele ficou sem mandato após disputar o governo do Rio apoiado por Dilma e pela máquina federal. Com rejeição recorde, acabou em terceiro lugar.
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Comentários
Ver todos os comentários (64)Nando Somo
01/01/2015 19h15 DenunciarJ Leite
19/12/2014 19h16 DenunciarEsperar o que de um povo que reelege um governo de uma dinastia que está a 12 anos no poder e, desde o começo a co-rru-p-ção e in-co-mpe-tência é bandeira conhecida de todos.
Paulão
10/12/2014 12h20 DenunciarComo muito bem escrito pelo Toninho, no comment anterior, as Estatais são hoje a maneira de Político corruPTo ganhar bastante, muito + que o suficiente, ao saquear o patrimônio público, sem dó! ... Privatizem tudo!!! ... A Petrobras é administrada de modo "desastroso"; foi assaltada de modo vergonhoso, causando escândalos e "chagas que corroem a probidade administrativa e as riquezas da nação"; Essas afirmações são do próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot - Governo dos P T ráias!
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Se for verdadeira essa oferta de uma vice-presidencia do Banco do Brasil, o Anthony Garotinho entrará por uma porta e minha conta sairá por outra