• Larissa Lopes
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Idosos são os que mais sofrem com depressão e acreditam em mitos, mostra pesquisa. Acima: idoso espiando pelas frestas da cortina dentro de casa. (Foto: Alex Boyd/Unsplash)

Idosos são os que mais sofrem com depressão e acreditam em mitos, mostra pesquisa. Acima: idoso espiando pelas frestas da cortina dentro de casa. (Foto: Alex Boyd/Unsplash)

Em meio à pandemia, idosos não apenas compõem o principal grupo de risco para a Covid-19 como também estão mais sucestíveis a desenvolverem quadros de depressão em razão do isolamento social e distanciamento familiar. Além disso, são os mais velhos que acreditam em mais mitos sobre saúde emocional, dificultando o tratamento de transtornos mentais como depressão e ansiedade.

É o que apontam novos cruzamentos da pesquisa Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a saúde mental, realizada pela Pfizer e pelo Ibope no segundo semestre de 2019. O estudo foi divulgado junto com o anúncio da campanha Se Cuida! Juntos na Quarentena —promovida pela Pfizer e a Upjohn, unidade de negócios da farmacêutica norte-americana —, que busca compartilhar nas redes sociais dicas de saúde mental dadas por especialistas.

O levantamento contou com entrevistas de mais de 2 mil pessoas, acima de 13 anos de idade, em seis capitais brasileiras: Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Idosos no Brasil

Os resultados chamam atenção para a vulnerabilidade dos mais velhos à depressão e também para o fato de que eles são os que mais acreditam em mitos relacionados a esse transtorno.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5,8% dos brasileiros têm depressão — e a prevalência quase dobra entre os que estão na faixa etária de 60 a 64 anos: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,1% deles estão depressivos.

São eles também que tendem a concordar com mais mitos sobre o assunto. Na pesquisa elaborada pela Pfizer, 30% dos entrevistados com mais de 55 anos não sabem opinar (14%) ou acreditam (16%) que depressão seja "falta de Deus ou sinal de pouca fé." Entre jovens de 18 a 24 anos, a taxa cai para 18%, sendo que 10% não souberam responder e 8% concordam com a relação incorreta entre depressão e falta de fé.

Quando perguntados se concordavam com a frase "Para vencer a depressão, basta ter uma atitude positiva perante a vida e alegria", 34% das pessoas com mais de 55 anos disseram acreditar nela e 25% não souberam opinar.

Outra crença incorreta sobre a depressão bastante comum entre os mais velhos é a de que "quem é bem-sucedido no trabalho, no relacionamento amoroso e na vida social não desenvolve depressão." Entre aqueles com mais de 55 anos, 14% acreditam que isso é verdade e 16% não souberam responder.

Nessa faixa etária, uma a cada quatro pessoas coloca em dúvida a relação entre depressão e risco de suicídio: 25% não estão convencidos de que pessoas que sofrem com depressão são mais propensas a tirar a própria vida.

Apesar das crenças em mitos, os mais velhos são os que mais se dizem à vontade para discutir o assunto. Segundo a pesquisa, 89% deles ficariam à vontade para falar sobre um diagnóstico de depressão na família.