Em cinco anos, deficit em bens industriais sobe 150%
O desempenho do Brasil no comércio de bens industriais só não foi pior que o da Arábia Saudita nos últimos anos, segundo estudo feito a pedido da Folha pela Confederação Nacional da Indústria com dados das 20 maiores economias do mundo.
O trabalho compara dados divulgados pela Organização Mundial do Comércio sobre exportação e importação de manufaturas em 2013 com os de 2008 nos países do G20.
A análise mostra que o deficit comercial de manufaturados, que ocorre quando o país importa mais do que exporta, aumentou 150% no Brasil entre 2008 e 2013.
Outros 12 países também registraram queda no saldo, mas só na Arábia Saudita o recuo foi maior que no Brasil.
A Índia, que teve o melhor desempenho do grupo, saiu de um saldo negativo de US$ 26 bilhões em 2008 para um superavit de US$ 5 bilhões em 2013. Já o Brasil ampliou o deficit de US$ 35 bilhões para US$ 88 bilhões no período, de acordo com a OMC (a metodologia usada pelo órgão para classificar os bens manufaturados difere da utilizada pelo governo brasileiro).
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Os manufaturados são a "elite" dos bens industriais. Por dependerem de maior sofisticação na produção, têm maior valor agregado.
O aumento das importações dessas mercadorias por si só não é ruim, já que os insumos comprados no exterior podem ser usados pela indústria na produção de mercadorias que serão exportadas.
O problema, mostra o estudo, é que o Brasil não aumentou as exportações. Dos 20 países analisados, só 6 não recuperaram em 2013 o nível de embarques de 2008, afetado pela crise mundial.
Com isso, o país ficou vulnerável. Só Canadá, União Europeia, França, Itália e Japão também registraram queda do saldo comercial e das vendas ao mesmo tempo.
Os dados da OMC indicam que a indústria brasileira está ficando para trás. Enquanto as exportações mundiais de manufaturados chegaram a US$ 11,8 trilhões em 2013, um crescimento de 13,4% ante 2008, as do Brasil caíram 1% no período.
Para o setor privado, as dificuldades de logística, a burocracia alfandegária e o elevado peso tributário explicam boa parte da desvantagem.
"O que a indústria quer é isonomia para lutar com as mesmas armas", diz Carlos Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI.
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Segundo ele, as medidas para dar mais competitividade às empresas foram tímidas nos últimos anos. "O Brasil precisa ter acordos. Nossas tarifas estão elevadas. A parte de facilitação do comércio não está concluída", afirma.
Desde 2010, o Brasil não firma acordos comerciais com outros países, e a rodada de negociações com a União Europeia para um acordo de livre-comércio não prosperou.
METODOLOGIA
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sobre o Brasil diferem dos apurados pela OMC e mostram aumento de 0,4% nas exportações em 2013 ante 2008.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, o câmbio teve influência no fraco desempenho do Brasil. Com o real mais caro ante o dólar, ficou vantajoso importar e caro exportar.
Além disso, nota Godinho, o peso das importações na formação do deficit foi expressivo.
"Dois terços do que importamos são insumos ligados ao investimento e à produção. Isso mostra abertura do Brasil e demanda aquecida."
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Comentários
Ver todos os comentários (6)ester
21/10/2014 13h08 DenunciarMatrix
21/10/2014 08h31 DenunciarE o Brasil produz o que para vender? Cafe? Feijao? Somos terceirizados pelo primeiro mundo, fabricamos Ipads, Fiats e etc. A industria no Brasil produz pouco e quer ganhar muito ao invez de produzir mais e vender mais a um preco melhor e com boa qualidade.
SAPÃ O
21/10/2014 08h27 DenunciarDilma está destruindo o país. Nosso país não aguenta mais 4 anos de tanta incompetência do PT, e o pior é que esse povo não enxerga isso.
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
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Ah, vá! Não temos política de comércio exterior. O Marco Aurélio Garcia e as instâncias governamentais citadas nesta reportagem assumem que o mal está lá fora. Nada de negociar. Sem acordos bilaterais não se faz comércio internacional. Abertura de mercado pq há investimentos "em um setor"???