O consumo das famílias cresceu 0,1% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Este é o pior resultado para o indicador desde o terceiro trimestre de 2003, quando registrou queda de 1,5%, segundo a gerente da Coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca de La Rocque Palis.
Apesar do comportamento positivo da massa salarial real (2,9%) – ainda na comparação com 2013 – houve queda de 0,3% nas despesas das famílias em relação ao trimestre imediatamente anterior. E isso representa o menor resultado desde o quarto trimestre de 2008 (-2,0%), “no auge da crise internacional”, ressaltou a gerente.
“O consumo das famílias foi influenciado ainda positivamente pelo crescimento do poder de compra das famílias, que é continuidade do crescimento do emprego e do aumento do salário real, mas esse aumento já está sendo menor do que em épocas anteriores. A gente continua com inflação, os juros nesse trimestre foram maiores do que os juros do terceiro trimestre do ano passado e o crédito que vinha crescendo a taxas muitos altas, vem desacelerando”, disse.
O crédito com recursos livres para as pessoas físicas teve crescimento nominal de 5%. No entanto, de acordo com a especialista do IBGE, as operações de crédito pararam de crescer em termos reais e vêm desacelerando há algum tempo sob influência da inflação e alta dos juros.
“O crédito parou de crescer em termos reais. Obviamente nós temos manutenção da inflação e juros mais altos do que tínhamos no ano anterior. A média da taxa Selic nesse trimestre foi 10,9% contra 8,5% no terceiro trimestre de 2013, e esse aumento também ajuda a reduzir a queda dos investimentos e do consumo”, afirmou.
“Inclusive esse trimestre já vem apresentando crescimento nominal baixo, que deflacionado em termos reais, pode até apresentar uma queda. Então, isso [inflação e juros altos] influenciou negativamente o consumo das famílias”, concluiu.
PIB cresce 0,1%
A economia brasileira saiu da recessão técnica no terceiro trimestre de 2014. De julho a setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1% na comparação com o trimestre anterior, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A chamada recessão técnica acontece quando o PIB tem dois trimestres seguidos de queda. No primeiro e no segundo trimestres deste ano, houve quedas de 0,2% e 0,6%, respectivamente.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2013, no entanto, houve queda de 0,2% no PIB.