Quem paga a conta?

MTST cobra dívida milionária de dono da Havan com a Previdência em ato bem-humorado

Trabalhadores apresentaram cheque de R$ 160 milhões para "pagar" compras de produtos da loja de Luciano Hang, mesmo valor que o empresário, deve à Previdência, da qual é um dos maiores apoiadores da "reforma"

Midia Ninja
Midia Ninja
Trabalhadores sem teto em ato que lembrou ao público que proprietário da rede Havan é um dos maiores devedores da Previdência, além de ser investigado por participação em irregularidades durante eleições de 2018

São Paulo – Em dia de votação da “reforma” da Previdência na Câmara, integrantes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) fizeram nesta quinta-feira(4) um ato simbólico para cobrar uma grande empresa que deve muito aos cofres públicos, a Havan. Mais de 50 ativistas entraram na filial da rede em Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo, e encheram carrinhos com produtos. Na hora de pagar, apresentaram um cheque gigante de R$ 168 milhões, valor que o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista, deve à Previdência e à Receita Federal. A mobilização transcorreu pacificamente, com a maioria dos funcionários encarando o ato com bom humor.

Além de ser apontado como “caloteiro” em impostos e tributos, Hang é conhecido por seu posicionamento político. O empresário, que recentemente entrou para a lista dos bilionários do país, é um dos grandes apoiadores do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em especial quando o assunto é a “reforma” da Previdência.

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Na hora da conta, um cheque no valor da dívida do bilionário Luciano Hang com o Estado

Segundo os organizadores, o ato mostra o repúdio da maioria da população, que por ser pobre será a mais prejudicada pelas novas regras para a aposentadoria, ao mesmo tempo em que bilionários como Hang não são cobrados pelas suas dívidas – e que contribuiriam para o equilíbrio das contas públicas.

Devedor ultraconservador

Não é de hoje que Hang desperta curiosidade por sua postura. Ultraconservador, foi apontado como um dos chefes de um esquema de divulgação de fake news em favor de Bolsonaro. Ele teria financiado disparos em massa de mentiras contra adversários políticos do presidente por meio do aplicativo WhattsApp.

Durante a campanha eleitoral que levou a extrema-direita ao poder, o empresário foi envolvido em outra denúncia, a de assédio moral contra seus funcionários. Em eventos de sua empresa, ele coagiu os trabalhadores a votar em Bolsonaro. “Se a esquerda ganhar, você está preparado para sair da Havan?”, dizia aos funcionários. Por esse motivo, foi processado pelo Ministério Público do Trabalho. “Ação descumpre a finalidade social do emprego, que não deveria refletir em ferramenta eleitoral ou coação financeira, mas sim em meio de subsistência das famílias brasileiras e instrumento essencial para a circulação de mercadorias e capital na nossa sociedade”, ressaltou o órgão.

Enquanto deve para a Previdência e para a Receita Federal e usa seu dinheiro para financiar políticos de extrema-direita, Hang reservou “um trocado” para comprar um avião para uso pessoal, avaliado em R$ 250 milhões.

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